segunda-feira, 21 de maio de 2007

Júlio Verne


Às vezes, sabe bem recordar aqueles que no passado fizeram da nossa juventude um tempo onde tudo parecia ser possível!
Umas horas de viagem "mais-além", numa evasão que pode ser tão boa como uma viagem real, agarrada a um livro de Júlio Verne, ou mesmo de um filme sobre uma das suas histórias extraordinárias... bom, parece-me uma perspectiva atraente. Com a qual acordei hoje. E que não sei se terei oportunidade de realizar integralmente... Não sendo hoje, será amanhã. Apetece-me reler. E rever. Subitamente, fez-me falta esta forma de imaginar coisas fantásticas, ao estilo "verneano".
Por isso, aqui fica uma pequena mas sincera homenagem a mais um autor da minha predilecção! Um escritor inesquecível.


"-Ah, meu Deus! - exclamou Nell - , como eu gostaria de ser arrebatada no meio daquele silencioso turbilhão! E que pontos cintilantes são aqueles que brilham no espaço onde não há nuvens?
-São as estrelas de que te falei, Nell. São as infinidades de sóis que representam outros tantos centros de mundos, talvez iguais ao nosso!
As constelações desenhavam-se agora nitidamente sobre o azul-escuro do céu, que o vento ia pouco a pouco purificando.
Nell fitava embevecida esses milhares de estrelas brilhantes que resplendiam por todo o firmamento.
-Mas - observou Nell - se tudo aquilo são diferentes sóis, como se compreende que os meus olhos possam impunemente suportar-lhes o brilho?
-É porque todos esses sóis - respondeu Jaime Starr - gravitam a uma enorme distância. O mais próximo desse número infinito de astros, cujos raios chegam até nós, é a estrela Vega, da constelação Lira, que tu vês quase chegada ao zénite, e que ainda assim dista da Terra cinquenta mil milhares de milhões de léguas. O seu brilho não pode portanto fazer-te impressão à vista. Mas já não acontece o mesmo com o Sol, pois, apesar de estar apenas a trinta e oito milhões de léguas, o seu foco luminoso é tão ardente que ninguém pode fitá-lo."
in Júlio Verne, As Índias Negras

" As margens do Orange continuavam apresentando o mesmo aspecto encantador. Seguiam-se umas às outras florestas de variadas espécies, animadas por inúmeras famílias de aves. Grupavam-se aquém e além árvores da família das protáceas, principalmente as wagen-boom, de madeira vermelha e ondeada, cujas folhas azuis-escuras e grandes flores de um amarelo-claro produziam singular efeito; apareciam também as zwartebast de casca preta, as karrees de folhagem escura e persistente. Umas vezes os bosques prolongavam-se muitas milhas para longe das margens do rio, sempre sombreadas pelos chorões. Outras vezes apareciam de repente grandes clareiras. Eram planícies cobertas de colocíntidas e cortadas por moitas de açucar, compostas de protáceas melíferas, donde se levantavam milhares daquelas aves de canto harmonioso, que os colonos do Cabo denominam suikervogels."
in Júlio Verne, Aventuras de Três Russos e Três Ingleses

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